À beira do precipício
Na última pedra
a mais alta que se erguia
da parede rochosa e imponente
Que apontava para o horizonte
Onde o céu se curva para provar do mar, o sal
Não velho por falta de respeito
Mas velho porque assim o tempo o fez
Quando curvou suas costas e enrugou sua fronte
Quando tornou rouca a sua voz e
lhe deu uma longa barba branca
Lá de cima ele observa imensa escuridão noturna
O imenso vazio da noite sem luar
Mas ele não se lamentava
Mas tampouco sorria
Estava distante do mundo
Sem alegrias ou tristezas
Passava seus dias ali na pedra
Outrora vivia cercado de amigos
Mas agora estava só, por ser o último dos seus
Pobre homem velho
Até mesmo a sabedoria lhe fugia a mente
Antes fora um professor
Nunca deu aulas numa escola
Mas educou uma família
Ah homem velho
Se ainda tivesses o corpo forte
Que agüentava o mundo sobre os ombros
Se ainda tivesse a disposição de seguir
Mesmo com os grilhões
Se ainda fosse fértil o solo da tua mente
Não estaria sozinho agora
Como é pequeno
Esse maravilhoso mundo imenso
Não conheço dele um terço
Mas o que conheço dele
As vezes não agüento
Agora estamos no mesmo lugar homem velho
E juntos vemos o sol nascendo
Lá onde a noite beijou o mar
Mas por hora não irei ficar
Mas se me esperar
Amanhã aqui vamos nos encontrar