terça-feira, 28 de julho de 2009

A Chuva

A chuva veio
e levou tudo o que eu tinha
Levou minha Alegria
Minha tristeza
Minha dor e
até a minha solidão
A solidão que me é companheira
nas horas convenientes e inconvenientes

O que sou agora?
Tornei-me vazio
Deixou-me distante de todos
Chuva fria

Ah Chuva
Se tantos amigos eu tivesse
para festejar
Como você tem pingos para molhar
Eu ainda seria assim?

Ah chuva
Como eu queria ter a sua força
Não para destruir
Mas para inundar e fazer
transbordar de alegria
o coração daqueles que amo

Como o seu poder
de manter a vida
Eu queria ter o poder
de cativar
Não só o poder de cativar
Mas o poder de manter
junto a mim aqueles
a quem um dia toquei
Sem ser abandonado
Eu ainda poderia me sentir assim?

Hoje choveu em minha cidade
Em pouco tempo tudo alagou
Continuei quieto em minha viagem
Cúmplice do céu que chorou

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O segredo (parte 1)

Sobre um banco uma jovem chorava. Ainda não havia passado dos 12 anos, mas chorava como se tivesse as maiores tristezas do mundo. Em minutos passaram uma, duas, três, uma grande quantidade de pessoas e nenhuma delas foi capaz de confortar o pranto da pequena. As lágrimas lhe escorriam grossas pela face delicada e o nariz soava, mas ninguém mais ligava para ela. Foi assim que ela estava quando um jovem trabalhador passou. Ele sem camisa sob o sol quente carregava pesadas bolsas e à sombra a pequena chorava. Por duas vezes que passou por ali, o quadro que via era o mesmo. Ninguém sequer olhava para a garota que chorava e alguns ainda faziam cara feia. Sem jeito o jovem que tinha a calça um pouco suja e o dorso suado se aproximou.

- O que houve jovem senhorita? Porque num dia de sol tão belo como este o choro lhe domina com força tão esmagadora, roubando-lhe o brilho do sorriso?

A menina engoliu o choro com alguma dificuldade e olhou para aquele pobre rapaz que devia ter seus 17 anos. Ficou alguns poucos segundos em silêncio e então lhe confessou o motivo do choro. Sua voz saiu um pouco fraca e ainda com alguns soluços.

- Todos que eu conheço possuem um segredo, mas nada me contam. Queria eu ter também um segredo. Por favor, conta-me um segredo.

Diante da confissão da menina o rapaz segurou o riso. Pensava em como aquela menina, filha de pais ricos, poderia chorar por um motivo tão bobo? Ainda com isto em mente o rapaz foi se levantando, pois estava ligeiramente curvado para poder falar próximo à menina, e ela observou seu gesto, estava sem esperanças achando que este rapaz era mais um que se aproximava dela e partia sem ligar para seus motivos. Quando estava de pé o rapaz voltou a falar com a menina, lhe deixando um pouco apreensiva.

- Aguarde aqui, pequena dama sem igual neste mundo! Eu vou até ali e logo volto. Vou até lá para buscar seu segredo.

Ao ouvir estas palavras uma alegria pareceu percorrer através do corpo da menina que se apressou em enxugar as lágrimas enquanto observava o rapaz se afastar até perdê-lo de vista.

A espera parecia eterna para a menina. O tempo para o rapaz passou tranqüilamente e ele não demorou mais do que 10 minutos. Enquanto voltava, matinhas as mãos para trás e chegando diante da menina ajoelhou-se e com a mão esquerda segurou as mãos pequeninas dela. A garota o olhava curiosa e ele tirou de trás das costas a mão direita que ainda permanecia escondida e ofereceu a ela uma linda margarida. A menina soltou umas das mãos e tomou para si a flor e cuidadosamente a segurou junto ao corpo.

- Agora hei de contar-te um segredo. Este será apenas teu e meu e de ninguém mais. Se me prometeres isso, eu o contarei.

A menina engoliu em seco e com um singelo meneio com a cabeça consentiu com as condições.

- Então é em segredo que te conto que em meu coração amo-te tanto que chega a doer...

A garota levantou de sobressalto, surpresa com a declaração do jovem. Iria sair correndo, para esconder a face ruborizada, se não fosse a mão do rapaz a segurar-lhe ternamente a mão pequenina.

- Lembre-se! Isto é um segredo nosso.

Quase sem mover os lábios a menina respondeu.

- Sim!

Tendo ouvido a resposta da menina o rapaz a soltou e esta partiu correndo através da rua, com os cabelos e vestido esvoaçando até que chegar em casa.