quinta-feira, 7 de abril de 2011

Louise

"Você é assim, um sonho pra mim"
Não, não é
Você é a minha realidade
Não. Isso não é algo ruim

Muito pelo contrário
Pois se você é a minha realidade
Que eu posso ter a toda hora
a qualquer momento
Então eu posso amá-la livremente
Sem medo

Não preciso ficar esperando
a hora de deitar
para sonhar com você
Posso amá-la assim
da manhã até o anoitecer
E isso me faz feliz

Sou feliz porque
Você é assim uma realidade pra mim

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Primeiro amor

Eu a conheci assim
pequena e magra
Tão frágil como um graveto
Eu pensava que
se eu a tocasse
ela quebraria

Pequenos olhos tímidos
largo sorriso
Não havia como ser uma flor
Não tinha nenhuma graça
Era um graveto
Um lindo graveto
De algum modo o meu desejo

Ela era assim, sem graça
Um graveto num jardim
Não
Não para mim
Pois algo maior eu via nela
Eu era só um menino
Então ela era mágica
Princesa, rainha, fada

Eu estava sempre ali
Ela estava sempre ali
E tudo ela me mostrava
os pequenos montes
que erguiam-se
em seu corpo
Criando o vale por onde
escorregavam seus finos dedos
para me provocar
Sua silhueta que
tornava-se cada vez mais sinuosa
Por fim mostrava-me
aquele pequeno monte
antes descoberto
faziam meu olhos
escorregarem sem ter onde segurar
Até ver-te rosada
Rosada de vergonha

Assim eu toquei ela
não muito além de um graveto
quando ela falou baixinho
mentindo que não quebraria

Assim eu a quebrei
Sob meu corpo e entre meus dedos
Junto aos meus lábios
Queimando em meu desejo
Ela gemeu
se contorceu
me apertou
suspirou
chamou o meu nome
e fraquejou

Um dia eu a toquei
ela não se quebrou
assim eu perdi o medo
do meu primeiro amor

sábado, 7 de novembro de 2009

Camélia

Linda flor te desejo
Linda flor me ama
Linda flor que vejo
Linda flor me encanta
Linda flor teu jeito
meu amor arranha

Amo seus lábios coração vermelho
Deliro em tua pele branca de neve
E não temo mais o escuro
mesmo se ele for realmente negro
Só lembrarei de teus cabelos

Lábios coração
Lindos lábios coração vermelho pintado
Linda flor
Me chama vermelho de teus lábios
Talvez sabor morango
me marca me pinta
Sorriso largo me nota
Camélia
Me olha

Vem pra minha cama
Com esse ar de menina
Menina, bela
Linda, flor
Flor, bela
Camélia

terça-feira, 28 de julho de 2009

A Chuva

A chuva veio
e levou tudo o que eu tinha
Levou minha Alegria
Minha tristeza
Minha dor e
até a minha solidão
A solidão que me é companheira
nas horas convenientes e inconvenientes

O que sou agora?
Tornei-me vazio
Deixou-me distante de todos
Chuva fria

Ah Chuva
Se tantos amigos eu tivesse
para festejar
Como você tem pingos para molhar
Eu ainda seria assim?

Ah chuva
Como eu queria ter a sua força
Não para destruir
Mas para inundar e fazer
transbordar de alegria
o coração daqueles que amo

Como o seu poder
de manter a vida
Eu queria ter o poder
de cativar
Não só o poder de cativar
Mas o poder de manter
junto a mim aqueles
a quem um dia toquei
Sem ser abandonado
Eu ainda poderia me sentir assim?

Hoje choveu em minha cidade
Em pouco tempo tudo alagou
Continuei quieto em minha viagem
Cúmplice do céu que chorou

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O segredo (parte 1)

Sobre um banco uma jovem chorava. Ainda não havia passado dos 12 anos, mas chorava como se tivesse as maiores tristezas do mundo. Em minutos passaram uma, duas, três, uma grande quantidade de pessoas e nenhuma delas foi capaz de confortar o pranto da pequena. As lágrimas lhe escorriam grossas pela face delicada e o nariz soava, mas ninguém mais ligava para ela. Foi assim que ela estava quando um jovem trabalhador passou. Ele sem camisa sob o sol quente carregava pesadas bolsas e à sombra a pequena chorava. Por duas vezes que passou por ali, o quadro que via era o mesmo. Ninguém sequer olhava para a garota que chorava e alguns ainda faziam cara feia. Sem jeito o jovem que tinha a calça um pouco suja e o dorso suado se aproximou.

- O que houve jovem senhorita? Porque num dia de sol tão belo como este o choro lhe domina com força tão esmagadora, roubando-lhe o brilho do sorriso?

A menina engoliu o choro com alguma dificuldade e olhou para aquele pobre rapaz que devia ter seus 17 anos. Ficou alguns poucos segundos em silêncio e então lhe confessou o motivo do choro. Sua voz saiu um pouco fraca e ainda com alguns soluços.

- Todos que eu conheço possuem um segredo, mas nada me contam. Queria eu ter também um segredo. Por favor, conta-me um segredo.

Diante da confissão da menina o rapaz segurou o riso. Pensava em como aquela menina, filha de pais ricos, poderia chorar por um motivo tão bobo? Ainda com isto em mente o rapaz foi se levantando, pois estava ligeiramente curvado para poder falar próximo à menina, e ela observou seu gesto, estava sem esperanças achando que este rapaz era mais um que se aproximava dela e partia sem ligar para seus motivos. Quando estava de pé o rapaz voltou a falar com a menina, lhe deixando um pouco apreensiva.

- Aguarde aqui, pequena dama sem igual neste mundo! Eu vou até ali e logo volto. Vou até lá para buscar seu segredo.

Ao ouvir estas palavras uma alegria pareceu percorrer através do corpo da menina que se apressou em enxugar as lágrimas enquanto observava o rapaz se afastar até perdê-lo de vista.

A espera parecia eterna para a menina. O tempo para o rapaz passou tranqüilamente e ele não demorou mais do que 10 minutos. Enquanto voltava, matinhas as mãos para trás e chegando diante da menina ajoelhou-se e com a mão esquerda segurou as mãos pequeninas dela. A garota o olhava curiosa e ele tirou de trás das costas a mão direita que ainda permanecia escondida e ofereceu a ela uma linda margarida. A menina soltou umas das mãos e tomou para si a flor e cuidadosamente a segurou junto ao corpo.

- Agora hei de contar-te um segredo. Este será apenas teu e meu e de ninguém mais. Se me prometeres isso, eu o contarei.

A menina engoliu em seco e com um singelo meneio com a cabeça consentiu com as condições.

- Então é em segredo que te conto que em meu coração amo-te tanto que chega a doer...

A garota levantou de sobressalto, surpresa com a declaração do jovem. Iria sair correndo, para esconder a face ruborizada, se não fosse a mão do rapaz a segurar-lhe ternamente a mão pequenina.

- Lembre-se! Isto é um segredo nosso.

Quase sem mover os lábios a menina respondeu.

- Sim!

Tendo ouvido a resposta da menina o rapaz a soltou e esta partiu correndo através da rua, com os cabelos e vestido esvoaçando até que chegar em casa.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Amanhã

À beira do precipício
Na última pedra
a mais alta que se erguia
da parede rochosa e imponente
Que apontava para o horizonte
Onde o céu se curva para provar do mar, o sal

Lá estava o homem velho
Não velho por falta de respeito
Mas velho porque assim o tempo o fez
Quando curvou suas costas e enrugou sua fronte
Quando tornou rouca a sua voz e
lhe deu uma longa barba branca

Lá de cima ele observa imensa escuridão noturna
O imenso vazio da noite sem luar
Mas ele não se lamentava
Mas tampouco sorria
Estava distante do mundo
Sem alegrias ou tristezas
Passava seus dias ali na pedra
Outrora vivia cercado de amigos
Mas agora estava só, por ser o último dos seus

Pobre homem velho
Até mesmo a sabedoria lhe fugia a mente
Antes fora um professor
Nunca deu aulas numa escola
Mas educou uma família

Ah homem velho
Se ainda tivesses o corpo forte
Que agüentava o mundo sobre os ombros
Se ainda tivesse a disposição de seguir
Mesmo com os grilhões
Se ainda fosse fértil o solo da tua mente
Não estaria sozinho agora

Ah homem velho
Como é pequeno
Esse maravilhoso mundo imenso
Não conheço dele um terço
Mas o que conheço dele
As vezes não agüento

Agora estamos no mesmo lugar homem velho
E juntos vemos o sol nascendo
Lá onde a noite beijou o mar
Mas por hora não irei ficar
Mas se me esperar
Amanhã aqui vamos nos encontrar

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Ele era um deus

Ele era uma deus
Ele precisava ser salvo
Buscava a perfeição da vida
nos métodos dos outros homens
Mas ele era um deus
Assim ele dizia

Ele pensava que era um deus
assim ele tinha forças pra seguir
E se a noite fosse fria demais
para sua solidão sob as cobertas
Ele erguia a voz
Seu próprio deus
Uma voz que ressoava como um trovão
Apenas em sua mente
Ele não parava o frio
mas chorava baixinho

Ele era um deus
mas ninguém o servia ou o adorava
Ele era um deus
mas não tinha nada
Ele era um deus
mas toda noite ele rezava
Ele era uma deus
mas nenhum outro deus o ajudava
Ele era um deus
mas seu coração sangrava
Ele era um deus
mas sua alma definhava
Ele era um deus
Ele não era nada