quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Primeiro amor

Eu a conheci assim
pequena e magra
Tão frágil como um graveto
Eu pensava que
se eu a tocasse
ela quebraria

Pequenos olhos tímidos
largo sorriso
Não havia como ser uma flor
Não tinha nenhuma graça
Era um graveto
Um lindo graveto
De algum modo o meu desejo

Ela era assim, sem graça
Um graveto num jardim
Não
Não para mim
Pois algo maior eu via nela
Eu era só um menino
Então ela era mágica
Princesa, rainha, fada

Eu estava sempre ali
Ela estava sempre ali
E tudo ela me mostrava
os pequenos montes
que erguiam-se
em seu corpo
Criando o vale por onde
escorregavam seus finos dedos
para me provocar
Sua silhueta que
tornava-se cada vez mais sinuosa
Por fim mostrava-me
aquele pequeno monte
antes descoberto
faziam meu olhos
escorregarem sem ter onde segurar
Até ver-te rosada
Rosada de vergonha

Assim eu toquei ela
não muito além de um graveto
quando ela falou baixinho
mentindo que não quebraria

Assim eu a quebrei
Sob meu corpo e entre meus dedos
Junto aos meus lábios
Queimando em meu desejo
Ela gemeu
se contorceu
me apertou
suspirou
chamou o meu nome
e fraquejou

Um dia eu a toquei
ela não se quebrou
assim eu perdi o medo
do meu primeiro amor

2 comentários:

Jessica Leite disse...

Incrível, ficou fantástico.
Lindo!

Tyr Quentalë disse...

Você ainda sabe como despertar sentimentos em seus escritos, meu caro amigo Bardo.
Delicado e sensual, seu texto nos conduz aos desejos despertados das palavras ali escritas. Parabéns!